A casta Encruzado não é apenas mais uma casta de uva branca – autêntica insígnia da Região Demarcada do Dão, esta é uma casta notável que produz vinhos tão atraentes, tão elegantes e tão complexos como a paisagem marcante onde é cultivada.
Reverenciada pela capacidade de envelhecer graciosamente, a Encruzado origina vinhos com uma profundidade de carácter quase inatingível pela maioria das restantes castas brancas portuguesas ou internacionais.
Estes atributos de exceção estão bem patentes nos singulares vinhos brancos da Quinta da Alameda. Mas, como descobrirá de seguida, existem muitas outras razões para que saboreie com prazer os néctares baseados na casta Encruzado.
Como expectável, os vinhos desta casta devem parte da sua personalidade ao nobre terroir do qual a Quinta da Alameda é apanágio.
Cercada de montanhas que protegem as terras dos ventos húmidos do Atlântico, a altitude desta emblemática região beirã contribui decisivamente para a frescura e sofisticação dos brancos aqui nascidos.
Por outro lado, para além de proporcionarem excelente drenagem às videiras, os solos graníticos do Dão transmitem uma acidez e elegância muito próprias aos vinhos sustentados pela casta.
Degustável em cada gole, a expressão deste terroir é sentida na mineralidade telúrica e na natureza vibrante dos brancos produzidos com Encruzado.
Os vinhos de Encruzado são estimados pela capacidade de evolução do seu perfil sensorial.
Os mais jovens são muitas vezes descritos como ‘fechados’ ao primeiro contacto, com aromas assaz subtis que apenas se começam a revelar com a passagem do tempo.
Na sua juventude, um vinho de Encruzado exibe frequentemente apontamentos de frutas cítricas frescas – como lima ou limão - combinados com notas florais delicadas de rosa e violeta.
Alguns enólogos também assinalam toques de maçã verde e pera fresca que contribuem para o perfil frutado.
Estes aromas progridem e adquirem profundidade à medida que o vinho envelhece.
A Encruzado pode acabar por desenvolver nuances de avelã, de resina de pinheiro e até de baunilha caso tenha sido envelhecida em barricas de carvalho.
Esta é uma característica notória, já que poucos vinhos brancos possuem a mesma aptidão para se transmutar com qualidade ao longo dos anos.
A seu tempo, o vinho pode adquirir características fumadas e de frutos secos reminiscentes dos grandes vinhos brancos da Borgonha.
A casta também gera vinhos de textura rica e encorpada. Isto é particularmente observado em vinhos que passam por fermentação ou estágio em carvalho, mas nem todas as expressões de Encruzado exibem esta característica.
Frequentemente descrita como ‘voluptuosa’, esta textura imprime uma sensação de suave sedosidade ao palato.
Os solos do Dão também podem conceder a estes vinhos uma limpidez mediada pelo equilíbrio entre o açúcar e a acidez.
Mas o que mais se destaca é a mineralidade e a acidez viva dos vinhos de Encruzado.
Sabores cítricos dominam o palato, particularmente de limão e bergamota, antecedidos por notas de frutas tropicais como maracujá e papaia verde em algumas das suas expressões.
Ainda assim, uma das facetas mais intrigantes do perfil gustativo dos vinhos Encruzado é a sua subtil qualidade resinosa.
Estes vinhos podem exibir notas distintas de pinhão, resina ou agulha de pinheiro, especialmente à medida que envelhecem.
Combinada com os aromas de frutos secos como a avelã e a amêndoa, esta particularidade oferece uma experiência sensorial que é ao mesmo tempo complexa e profundamente gratificante.
A Encruzado é uma casta versátil que responde bem a diversas técnicas de vinificação.
Quando vinificada em aço inoxidável, o seu vinho mantém um caráter fresco com ênfase nos elementos cítricos e minerais.
Este estilo é muitas vezes preferido para vinhos de Encruzado mais jovens e destinados a consumo imediato.
No entanto, o vinho de Encruzado brilha igualmente com fulgor quando envelhecido em barricas de carvalho.
A interação entre o vinho e a madeira permite o desenrolar de todo o seu carisma, integrando as notas de baunilha e torradas do carvalho com a acidez e mineralidade naturais da casta.
O envelhecimento em carvalho não domina o vinho, mas complementa as suas características intrínsecas.
Os vinhos de Encruzado são também reconhecidos pelo seu potencial de guarda. Enquanto outros brancos apenas mantêm as suas qualidades na juventude, estes vinhos podem melhorar durante anos em garrafa.
Os sabores frutados recuam com o tempo, mas a acidez permanece viva e sedutora.
A versatilidade da casta também se reflete nas suas amplas harmonizações gastronómicas.
As suas versões frescas e jovens combinam exemplarmente com saladas, mariscos ou peixes grelhados.
As notas cítricas e florais do vinho complementam os sabores delicados destes pratos, enquanto a sua acidez lacera a untuosidade dos risotos cremosos ou dos molhos amanteigados.
Estes vinhos começam a harmonizar bem com uma pletora de pratos ricos e robustos à medida que envelhecem e os seus aromas se tornam mais intrincados.
As aves assadas, o lombo de porco e as carnes grelhadas equilibram com o corpo mais pleno do vinho e com os seus sabores a resina e frutos secos.
A estrutura e capacidades de envelhecimento destes vinhos também os tornam pares ideais dos queijos de sabor suave a médio.
Alguns destes queijos incluem os Terrincho, nos nacionais, ou os Gouda, nos internacionais.
Para quem procura explorar a cozinha tradicional portuguesa, os vinhos de Encruzado são excelentes escolhas para acompanhar o arroz de tamboril, as cataplanas de marisco e os pratos de bacalhau nas suas inúmeras composições.
Às sábias mãos de Cardoso Vilhena, a Encruzado apenas começou a granjear atenção a partir da segunda metade do século XX. Os seus vastos predicados concorreram, todavia, para que os vinhos desta casta se tenham alcandorado ao pináculo dos brancos nacionais.
Poucas castas agregam esta rara combinação de elegância, sofisticação, complexidade e longevidade.
Os vinhos de Encruzado são escolhas claras para quem procura um néctar que ofereça tanto de prazer imediato como de promessa futura.
De facto, os vinhos desta casta são exemplos perfeitos da cultura e da natureza que residem no Dão.
Esta cultura e esta natureza estão bem traduzidas nos puros Dão da Quinta da Alameda, vinhos que resgatam o paradigma singular e distinto dos vinhos da região.
Quer sejam varietais ou de lote, os nossos vinhos expressam na plenitude todas as extraordinárias qualidades da mais ilustre casta branca da Região Demarcada.
Saúde!