A mais emblemática das nossas castas tintas, a Touriga Nacional é um dos porta-estandartes da enologia portuguesa. Reconhecida internacionalmente pelos seus atributos de exceção, esta casta gera vinhos marcados pela elegância floral, riqueza aromática, estrutura sólida e extraordinário potencial de envelhecimento.
Origem: A Touriga Nacional teve origem no interior norte de Portugal. O Dão e o Douro disputam a sua génese. No entanto, a sua maior variabilidade genética no Dão sugere ser esta a sua região de nascença.
Percurso Histórico: Lacerda Lobo identificou formalmente a casta em 1790. A Touriga Nacional esteve confinada ao Douro e ao Dão durante décadas. No século XIX, tornou-se a casta mais plantada nestas duas regiões.
Crise da Filoxera: Apesar da extraordinária qualidade dos seus vinhos, a Touriga Nacional não era uma casta naturalmente produtiva: produzia muita parra, mas pouca uva. Assim sendo, a casta foi preterida por opções mais rentáveis após a Crise da Filoxera nos finais do século XIX.
Queda e Recuperação: A Touriga Nacional esteve próxima da extinção no século XX. Viria a ser reabilitada pelos viticultores do Douro a partir da década de 1980. Os níveis de produção da casta subiram graças à seleção recente de clones mais rentáveis.
Atributos de Exceção: A Touriga Nacional combina atributos raros e contrastantes que a distinguem como casta tinta de excelência. A sua riqueza em certos compostos aromáticos, como os terpenoides, é um destes atributos. A casta é caracterizada pela geração de vinhos complexos, profundos e de presença majestosa.
Perfil Aromático: A Touriga Nacional é celebrada por transmitir uma sincronia de aromas herbais, frutados e especiados. Os aromas a frutos negros incluem as ameixas, os mirtilos e as groselhas pretas. Também pode veicular aromas a bagas e frutos silvestres como a framboesa. Isto pode ser acompanhado por nuances de chá, cacau, ervas, alcaçuz e bergamota, ou por toques subtis de menta. As notas especiadas incluem a canela e a noz-moscada.
Estrutura e Acidez: Vinhos de corpo denso e profundo, com acidez vibrante e taninos vigorosos mas polidos.
Cor Intensa: As suas uvas, com bagos pequenos e películas espessas, transmitem ao vinho tons rubi carregados.
Potencial de Envelhecimento: A Touriga Nacional exibe grande capacidade de guarda. Além de criar aromas a cedro ou baunilha, o estágio em carvalho realça a elegância e complexidade dos vinhos.
Carnes Vermelhas: Grelhadas, estufadas ou assadas, como vaca, porco, borrego ou caça (veado e javali).
Queijos: De sabor intenso ou fumado, como o Serra da Estrela, Queijo de Cabra Transmontano ou os queijos azuis.
Sobremesas: Doces à base de café, chocolate ou frutos secos.
A Evitar: Vegetais verdes, especiarias picantes ou pratos excessivamente ácidos que possam mascarar as notas florais mais delicadas da casta.
No Dão: Graças às altitudes elevadas e maior pluviosidade da região, a casta produz vinhos frescos e elegantes com caráter floral pronunciado.
No Douro: Resulta em vinhos mais intensos, opulentos e concentrados, com taninos robustos e textura aveludada.
No Alentejo: Expressa aromas ricos a fruta madura, incluindo a amoras e ameixas pretas. As nuances florais são mais esbatidas. Os vinhos são menos estruturados, com taninos suaves e menor acidez.
No Mundo: A Touriga Nacional é plantada em geografias como o Brasil, Austrália, Califórnia e África do Sul. A sua maior consagração implícita ocorreu em 2019/2020, altura em que Bordéus a reconheceu como uma das castas de futuro nesta tradicionalista região vinícola.
No Futuro: A sua adaptabilidade a diferentes terroirs e a sua versatilidade enológica são garantias de sucesso em anos vindouros.